Duas letras vêm mudando a forma de se assistir à televisão nos últimos tempos: HD. Muito se fala sobre atrações com imagens em alta definição. Enquanto os canais investem cada vez mais nesta tendência e as operadoras de TV por assinatura alardeiam aos quatro ventos os benefícios da tecnologia — áudio 5.1 e vídeo na proporção 16:9, a chamada tela de cinema —, a prova dos nove é bem clara para os leigos: cores e contornos mais vivos, sons que ganham outros tons. É difícil resistir ao HD, ainda mais quando a oferta só faz crescer. Nesta quarta-feira, estreia na grade da Net e da GVT o OFF, especializado em natureza, aventura e adrenalina. Criado depois de uma série de pesquisas, o canal já nasce em alta definição de olho na qualidade das imagens. E é só o começo. Para fisgar o telespectador, mais novidades e estratégias estão a caminho.
Com a chancela da Globosat, o OFF prioriza aventuras "não competitivas", conforme explica $Zattar, diretor do canal. Com programas como o "Kayak", até então exibido pelo Multishow (também comandado por Zattar), o OFF já chega com oito produções nacionais inéditas. Entre profissionais, como o surfista Carlos Burle, de "Desejar profundo", e a snowboarder Raquel Iendrick, do "Snow Camp", aficionados por esporte surgem como protagonistas das atrações. É o caso de Karol Knopf, que mostra várias modalidades no "Secret spots".
— Não vamos exibir competições que valham prêmios, mas, sim, coisas que as pessoas fazem $prazer. Esse lado lifestyle do esporte ninguém fazia no Brasil. O OFF não é só para jovens. Atende também quem tem 65 anos de idade e 20 de espírito — explica Zattar, enfatizando a popularização da alta definição entre os assinantes: — Televisores de LCD e plasma estão mais acessíveis. É muito envolvente chegar do trabalho e ver cenas deslumbrantes do Havaí, do Canadá, das selvas do Alasca, e tudo com uma música espetacular — completa o diretor.
Zattar sabe do que está falando. Já faz dois anos que o Multishow HD está no ar, com documentários e shows ao redor do mundo. Para 2012, a ideia é ampliar o pacote de apresentações nacionais, além de continuar investindo na transmissão de festivais:
— O Multishow HD tem a linha editorial do Multishow. Porém, mais à frente, mudará de nome e continuará independente. Há a previsão de, em 2013, termos uma versão espelhada em alta definição.
Na área musical, a MTV também dá seus passos e exibe a mesma grade com mais qualidade de imagem. Diretor de programação da emissora, Zico Góes gostaria de apresentar programas diferentes.
— É a chance de fazer um produto melhor. Mas não depende só da gente. Hoje, a programação no HD é a mesma da MTV. Gostaria de ter uma MTV 2, um canal que completasse o principal. Ou, de repente, algo como um Canal Viva da MTV, uma MTVelha. Mas é só um sonho — lamenta.
O desejo de Zico já é a realidade de muitos. Atualmente, a versão em alta definição dos canais se divide em três possibilidades: a espelhada, conhecida como simulcast, que exibe a mesma programação original; a híbrida, que reúne atrações diferentes e as que já vão ao ar no chamado standard ou SD; e a exclusiva, com uma grade quase totalmente diferenciada. No primeiro caso, se enquadram Sony, AXN, Warner Channel, TNT e Space. Na segunda categoria, entra a Fox/NatGeo. No terceiro quesito, se encaixam o NatGeo Wild, Discovery HD Theater (com programas como "Paraíso verde") e TLC HD.
Num patamar mais específico, o Globosat HD funciona sob o conceito de superstation, agregando o melhor dos canais da programadora e produtos próprios, que só vão ao ar ali, especialmente seriados, como "Camelot" e "Murdoch mysteries". Como o GNT vai ganhar seu espelho em HD em março de 2012, e Multishow e SporTV seguem pelo mesmo caminho, o Globosat HD deve exibir mais atrações exclusivas, explica seu diretor, Pedro Garcia:
— Ele foi lançado em 2007 com a programação em alta definição fornecida pelos canais. Começamos a investir em séries e a comprar produções. A tendência é que o conteúdo inédito cresça com a saída de GNT e Multishow. Procuramos o que faz sentido ser exibido em HD, mas logo isso não será um diferencial. Teremos que criar algo novo.
Para Leonardo Caetano, diretor de afiliadas da Fox Channels do Brasil, a estratégia é um processo intuitivo de cada um. No Fox/NatGeo HD, séries que já foram ao ar na versão standard, como "Mental" e "9MM", ganham um novo espaço; já "How I met your mother" é exibida em alta definição. No NatGeo Wild HD, a programação é exclusiva: o documentário "A mulher dos 700 gatos", por exemplo, vai ao ar no dia 11 mostrando a vida de uma protetora de felinos.
— Guardadas as devidas proporções, o HD é quase como sair de uma TV preto e branco para uma colorida. O que fizemos foi criar um híbrido: o melhor do Fox e o melhor do NatGeo. Esse é o tempero. Quanto mais canais, mais possibilidades de ver o mesmo conteúdo em outro horário e outra formatação — acredita o executivo.
Diretora de programação da SKY, Marcia Cruz diz que tenta atender à demanda por imagens de melhor qualidade ao mesmo tempo em que propõe aos canais a adesão à alta definição. Hoje, a operadora oferece 39 opções em HD. O pacote mais barato disponível no seu site é 38% mais caro que seu equivalente SD, vendido a R$ 144,90.
— Quando lançamos um canal com esta qualidade, avaliamos a relevância do conteúdo. Visualmente, filmes, documentários e séries são importantes. E, em canais de maior audiência, o $úblico vê valor em pagar para assistir dessa forma. A imagem justifica — explica a executiva: — Há uma migração de destaque em nossa base de clientes.
A onda da exclusividade também é a aposta da Discovery Networks. Alessandra Pontes, diretora de afiliados no Brasil, explica que a proposta é exibir no Discovery HD Theater e no TLC HD programas em que realmente a alta definição faça diferença. No segundo, vão ao ar atrações como o reality show "Minha pequena grande família", que já fez parte da grade standard do canal, e "Viajando com Trish".
— Concebemos esses canais para usufruir do melhor da tecnologia. O HD tem crescido de forma rápida. No início deste ano, o mercado ainda não havia atingido um milhão de domicílios com pacotes em alta definição. Nos próximos meses, ultrapassaremos os dois milhões — conta Alessandra.
Vice-presidente sênior e gerente geral da Sony Pictures Television no Brasil, Alberto Niccoli Junior acredita que o telespectador brasileiro vem se adaptando a esta nova realidade.
— Os canais SD e HD vão coexistir por algum tempo, mas a tendência é que todos sigam para esta tecnologia. Foi assim com a fita cassete, com o VHS, com o DVD. Não fazia sentido ter produções em alta definição e não exibi-las assim — avalia o executivo.
Para Alberto, este movimento parte dos assinantes, que integram um mercado que ele classifica como "exigente e avançado":
— Lançamos o Sony HD em dezembro de 2010 e o AXN HD em julho deste ano. Planejamos lançar o Sony Spin HD. Hoje, exibimos a mesma programação, com algumas mudanças na madrugada e sem comerciais no HD, apenas promos e chamadas das atrações. Foi uma opção para entendermos como eles funcionariam e, ainda, a demanda de anunciantes. O mercado precisa se adaptar.
Além do Sony Spin e do GNT HD, mais canais entram na grade em breve. Uma versão HD do FX, segundo a Fox, já é esperada. Em março, é a vez do Cartoon Network, que vai estrear novas séries, como os renovados "Thundercats", em alta definição. A Globosat também vai pôr no ar um novo espaço para a programação infantil, o Gloob. Anthony Doyle, vice-presidente regional da Turner International do Brasil (que agrega o Cartoon, além de Warner Channel, Space, TNT, CNN, Boomerang, TCM, TBS, truTV, Woohoo e Glitz*), conta que ainda se esbarra em dificuldades técnicas para ampliar a oferta em HD.
— Um canal em alta definição ocupa o espaço físico de banda de quatro canais SD, ou mais. Isso tem sido um problema e influi no cronograma de lançamentos — explica Anthony: — No TNT HD, por exemplo, a programação é idêntica. Ao mesmo tempo, temos o truTV, com uma distribuição menor e uma grade diferente.
A TV por demanda em alta definição, diz Fernando Magalhães, diretor de programação da NET, é uma das grandes possibilidades, explorada pela operadora com a plataforma batizada de NOW.
— O diferencial é o conteúdo sob demanda, que multiplica as opções e permite que o assinante veja as atrações na hora em que ele quer — diz Fernando, apontando o que mais interessa em HD ao público: — Esporte, filme, documentário e música.
Na TV aberta, Globo, RedeTV!, SBT, Band e Record já possuem seus canais em alta definição. A TV por assinatura vê o nicho se expandir. De acordo com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), mais de 12 milhões de domicílios utilizam a TV paga. Agora, as operadoras apostam que, na cola da Copa do Mundo em 2014 e das Olimpíadas de 2016, ambas no Brasil, a procura pelo HD deve aumentar — e os preços dos pacotes podem cair.
— Hoje não há exclusividade de conteúdo. A diferenciação se dá na qualidade — acredita Antônio João, diretor executivo da Via Embratel, que oferece 14 canais em alta definição: — A tecnologia está ficando mais barata. Com este boom do HD, os receptores vão cair de preço e, como todas as operadoras o subsidiam, a tendência é reduzir.
Fonte: O Globo
Obs.: Os canais serão lançados ao mercado, mas isso não significa a inclusão dos mesmos pela SKY.
Com a chancela da Globosat, o OFF prioriza aventuras "não competitivas", conforme explica $Zattar, diretor do canal. Com programas como o "Kayak", até então exibido pelo Multishow (também comandado por Zattar), o OFF já chega com oito produções nacionais inéditas. Entre profissionais, como o surfista Carlos Burle, de "Desejar profundo", e a snowboarder Raquel Iendrick, do "Snow Camp", aficionados por esporte surgem como protagonistas das atrações. É o caso de Karol Knopf, que mostra várias modalidades no "Secret spots".
— Não vamos exibir competições que valham prêmios, mas, sim, coisas que as pessoas fazem $prazer. Esse lado lifestyle do esporte ninguém fazia no Brasil. O OFF não é só para jovens. Atende também quem tem 65 anos de idade e 20 de espírito — explica Zattar, enfatizando a popularização da alta definição entre os assinantes: — Televisores de LCD e plasma estão mais acessíveis. É muito envolvente chegar do trabalho e ver cenas deslumbrantes do Havaí, do Canadá, das selvas do Alasca, e tudo com uma música espetacular — completa o diretor.
Zattar sabe do que está falando. Já faz dois anos que o Multishow HD está no ar, com documentários e shows ao redor do mundo. Para 2012, a ideia é ampliar o pacote de apresentações nacionais, além de continuar investindo na transmissão de festivais:
— O Multishow HD tem a linha editorial do Multishow. Porém, mais à frente, mudará de nome e continuará independente. Há a previsão de, em 2013, termos uma versão espelhada em alta definição.
Na área musical, a MTV também dá seus passos e exibe a mesma grade com mais qualidade de imagem. Diretor de programação da emissora, Zico Góes gostaria de apresentar programas diferentes.
— É a chance de fazer um produto melhor. Mas não depende só da gente. Hoje, a programação no HD é a mesma da MTV. Gostaria de ter uma MTV 2, um canal que completasse o principal. Ou, de repente, algo como um Canal Viva da MTV, uma MTVelha. Mas é só um sonho — lamenta.
O desejo de Zico já é a realidade de muitos. Atualmente, a versão em alta definição dos canais se divide em três possibilidades: a espelhada, conhecida como simulcast, que exibe a mesma programação original; a híbrida, que reúne atrações diferentes e as que já vão ao ar no chamado standard ou SD; e a exclusiva, com uma grade quase totalmente diferenciada. No primeiro caso, se enquadram Sony, AXN, Warner Channel, TNT e Space. Na segunda categoria, entra a Fox/NatGeo. No terceiro quesito, se encaixam o NatGeo Wild, Discovery HD Theater (com programas como "Paraíso verde") e TLC HD.
Num patamar mais específico, o Globosat HD funciona sob o conceito de superstation, agregando o melhor dos canais da programadora e produtos próprios, que só vão ao ar ali, especialmente seriados, como "Camelot" e "Murdoch mysteries". Como o GNT vai ganhar seu espelho em HD em março de 2012, e Multishow e SporTV seguem pelo mesmo caminho, o Globosat HD deve exibir mais atrações exclusivas, explica seu diretor, Pedro Garcia:
— Ele foi lançado em 2007 com a programação em alta definição fornecida pelos canais. Começamos a investir em séries e a comprar produções. A tendência é que o conteúdo inédito cresça com a saída de GNT e Multishow. Procuramos o que faz sentido ser exibido em HD, mas logo isso não será um diferencial. Teremos que criar algo novo.
Para Leonardo Caetano, diretor de afiliadas da Fox Channels do Brasil, a estratégia é um processo intuitivo de cada um. No Fox/NatGeo HD, séries que já foram ao ar na versão standard, como "Mental" e "9MM", ganham um novo espaço; já "How I met your mother" é exibida em alta definição. No NatGeo Wild HD, a programação é exclusiva: o documentário "A mulher dos 700 gatos", por exemplo, vai ao ar no dia 11 mostrando a vida de uma protetora de felinos.
— Guardadas as devidas proporções, o HD é quase como sair de uma TV preto e branco para uma colorida. O que fizemos foi criar um híbrido: o melhor do Fox e o melhor do NatGeo. Esse é o tempero. Quanto mais canais, mais possibilidades de ver o mesmo conteúdo em outro horário e outra formatação — acredita o executivo.
Diretora de programação da SKY, Marcia Cruz diz que tenta atender à demanda por imagens de melhor qualidade ao mesmo tempo em que propõe aos canais a adesão à alta definição. Hoje, a operadora oferece 39 opções em HD. O pacote mais barato disponível no seu site é 38% mais caro que seu equivalente SD, vendido a R$ 144,90.
— Quando lançamos um canal com esta qualidade, avaliamos a relevância do conteúdo. Visualmente, filmes, documentários e séries são importantes. E, em canais de maior audiência, o $úblico vê valor em pagar para assistir dessa forma. A imagem justifica — explica a executiva: — Há uma migração de destaque em nossa base de clientes.
A onda da exclusividade também é a aposta da Discovery Networks. Alessandra Pontes, diretora de afiliados no Brasil, explica que a proposta é exibir no Discovery HD Theater e no TLC HD programas em que realmente a alta definição faça diferença. No segundo, vão ao ar atrações como o reality show "Minha pequena grande família", que já fez parte da grade standard do canal, e "Viajando com Trish".
— Concebemos esses canais para usufruir do melhor da tecnologia. O HD tem crescido de forma rápida. No início deste ano, o mercado ainda não havia atingido um milhão de domicílios com pacotes em alta definição. Nos próximos meses, ultrapassaremos os dois milhões — conta Alessandra.
Vice-presidente sênior e gerente geral da Sony Pictures Television no Brasil, Alberto Niccoli Junior acredita que o telespectador brasileiro vem se adaptando a esta nova realidade.
— Os canais SD e HD vão coexistir por algum tempo, mas a tendência é que todos sigam para esta tecnologia. Foi assim com a fita cassete, com o VHS, com o DVD. Não fazia sentido ter produções em alta definição e não exibi-las assim — avalia o executivo.
Para Alberto, este movimento parte dos assinantes, que integram um mercado que ele classifica como "exigente e avançado":
— Lançamos o Sony HD em dezembro de 2010 e o AXN HD em julho deste ano. Planejamos lançar o Sony Spin HD. Hoje, exibimos a mesma programação, com algumas mudanças na madrugada e sem comerciais no HD, apenas promos e chamadas das atrações. Foi uma opção para entendermos como eles funcionariam e, ainda, a demanda de anunciantes. O mercado precisa se adaptar.
Além do Sony Spin e do GNT HD, mais canais entram na grade em breve. Uma versão HD do FX, segundo a Fox, já é esperada. Em março, é a vez do Cartoon Network, que vai estrear novas séries, como os renovados "Thundercats", em alta definição. A Globosat também vai pôr no ar um novo espaço para a programação infantil, o Gloob. Anthony Doyle, vice-presidente regional da Turner International do Brasil (que agrega o Cartoon, além de Warner Channel, Space, TNT, CNN, Boomerang, TCM, TBS, truTV, Woohoo e Glitz*), conta que ainda se esbarra em dificuldades técnicas para ampliar a oferta em HD.
— Um canal em alta definição ocupa o espaço físico de banda de quatro canais SD, ou mais. Isso tem sido um problema e influi no cronograma de lançamentos — explica Anthony: — No TNT HD, por exemplo, a programação é idêntica. Ao mesmo tempo, temos o truTV, com uma distribuição menor e uma grade diferente.
A TV por demanda em alta definição, diz Fernando Magalhães, diretor de programação da NET, é uma das grandes possibilidades, explorada pela operadora com a plataforma batizada de NOW.
— O diferencial é o conteúdo sob demanda, que multiplica as opções e permite que o assinante veja as atrações na hora em que ele quer — diz Fernando, apontando o que mais interessa em HD ao público: — Esporte, filme, documentário e música.
Na TV aberta, Globo, RedeTV!, SBT, Band e Record já possuem seus canais em alta definição. A TV por assinatura vê o nicho se expandir. De acordo com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), mais de 12 milhões de domicílios utilizam a TV paga. Agora, as operadoras apostam que, na cola da Copa do Mundo em 2014 e das Olimpíadas de 2016, ambas no Brasil, a procura pelo HD deve aumentar — e os preços dos pacotes podem cair.
— Hoje não há exclusividade de conteúdo. A diferenciação se dá na qualidade — acredita Antônio João, diretor executivo da Via Embratel, que oferece 14 canais em alta definição: — A tecnologia está ficando mais barata. Com este boom do HD, os receptores vão cair de preço e, como todas as operadoras o subsidiam, a tendência é reduzir.
Fonte: O Globo
Obs.: Os canais serão lançados ao mercado, mas isso não significa a inclusão dos mesmos pela SKY.