Com cada vez mais frequência - nos e-mails de leitores ou comentários de internautas no blog - alguém elogia uma atração da TV paga, só para, em seguida, dizer: "Não entendo como este formato não está na TV aberta". Foi, por exemplo, o que comentou a leitora Angel sobre a crítica de "Chegadas e partidas", programa de Astrid Fontenelle no GNT.
Há alguns anos, quando a televisão por assinatura e as emissoras abertas eram muito diferenciadas, esta questão nem se colocaria. A frase reducionista "não dá para assistir à TV aberta" era comum. A "qualidade" supostamente pertencia só ao cabo, que nasceu voltado para os nichos, nunca apostava nas massas. Hoje isso mudou. A TV paga continua tendo seus alvos restritos. Porém, com o aumento do poder econômico das classes C e D, aos poucos, em busca de nova freguesia, foi pegando um caminho generalista. Esse movimento arrastou os canais étnicos - paroxismo da ideia da segmentação - para lugares remotos do line up. TV5, Deustche Welle, NHK e afins estão acima do número 140 na Net. No mais, ficou tudo junto e misturado no sentido editorial da coisa.
Popular, "Chegadas e partidas" poderia, como imaginou a leitora, estar numa emissora aberta. Mas outras atrações do GNT, voltadas para o "público mulherzinha", não. Em contrapartida, praticamente tudo da TV aberta caberia no cabo hoje. O Viva é a melhor prova disso: caiu nas graças das plateias com seu conteúdo quase 100% produzido pela TV Globo. Quer algo mais voltado para as multidões que o "Cassino do Chacrinha", ou o "Esquenta", só para citar dois de seus sucessos?
Importante dizer: o Brasil é um país tão complexo que bastou a TV paga triplicar o seu público em poucos anos (de 3 milhões para 10 milhões), para ganhar ares de TV aberta. Dez milhões de domicílios são um quinto do total do país, mas já o suficiente para mudar o negócio. Imagina quando todos puderem interromper a programação, alugar filmes (a qualquer hora, com o serviço de video on demand) e muito mais. Aí, a discussão se deslocará mesmo para além do quilate dos conteúdos. Será que uma atração, vista de outro modo (usando os recursos do cabo), ainda poderá ser considerada a mesma? Ou ainda, trocando em miúdos: a forma como se vê um programa é capaz de transformá-lo? Veremos.
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Há alguns anos, quando a televisão por assinatura e as emissoras abertas eram muito diferenciadas, esta questão nem se colocaria. A frase reducionista "não dá para assistir à TV aberta" era comum. A "qualidade" supostamente pertencia só ao cabo, que nasceu voltado para os nichos, nunca apostava nas massas. Hoje isso mudou. A TV paga continua tendo seus alvos restritos. Porém, com o aumento do poder econômico das classes C e D, aos poucos, em busca de nova freguesia, foi pegando um caminho generalista. Esse movimento arrastou os canais étnicos - paroxismo da ideia da segmentação - para lugares remotos do line up. TV5, Deustche Welle, NHK e afins estão acima do número 140 na Net. No mais, ficou tudo junto e misturado no sentido editorial da coisa.
Popular, "Chegadas e partidas" poderia, como imaginou a leitora, estar numa emissora aberta. Mas outras atrações do GNT, voltadas para o "público mulherzinha", não. Em contrapartida, praticamente tudo da TV aberta caberia no cabo hoje. O Viva é a melhor prova disso: caiu nas graças das plateias com seu conteúdo quase 100% produzido pela TV Globo. Quer algo mais voltado para as multidões que o "Cassino do Chacrinha", ou o "Esquenta", só para citar dois de seus sucessos?
Importante dizer: o Brasil é um país tão complexo que bastou a TV paga triplicar o seu público em poucos anos (de 3 milhões para 10 milhões), para ganhar ares de TV aberta. Dez milhões de domicílios são um quinto do total do país, mas já o suficiente para mudar o negócio. Imagina quando todos puderem interromper a programação, alugar filmes (a qualquer hora, com o serviço de video on demand) e muito mais. Aí, a discussão se deslocará mesmo para além do quilate dos conteúdos. Será que uma atração, vista de outro modo (usando os recursos do cabo), ainda poderá ser considerada a mesma? Ou ainda, trocando em miúdos: a forma como se vê um programa é capaz de transformá-lo? Veremos.
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